Entre 2018–2019 fizemos 3 projetos de identidade para o mercado
de esports; Uma categoria nova para nosso portfólio vindo de um mercado “fresco” que cresce exponencialmente.

Dentre os projetos, publicamos o desenvolvimento da LOUD, maior time de esports mobile do Brasil e atual campeão da Copa América de FreeFire. Aproveitamos a ocasião para compartilhar alguns insights e aprendizados em trabalhar neste segmento. ps: Se ainda não viu o projeto, veja em nosso behance 😉

Bem, se ainda soa como novidade falar desse mercado, tenha em mente que é um segmento com uma audiência muito maior que você imagina: É um entretenimento esportivo que já superou 1 bilhão de doláres em faturamento. Aqui temos um universo de novos costumes e hábitos de consumo. Novos produtos, novos formatos e principalmente uma busca por diferenciação e autenticidade dentro do veloz mundo digital.

Para expandir o conhecimento sobre o mundo do esports:

– 1 Assista o explained sobre campeonato de games, produção da Vox+Netflix

– 2 Leia no Medium da Humble um texto de 2 minutos para conhecer o “jogo” entre marcas, jogadores, plataformas, competidores, editores e fans;

Ecosistema do esports_2017, Fonte: @harryalford3

Insights:

A marca é o principal ativo (mesmo).

Desenvolver identidade de Marca para/com a geração Z (e adiante) nos dá um conforto, diferente do que outros segmentos ainda estão desenvolvendo, existe a consciência de fato de que a marca e a reputação a serem criadas é o seu principal ativo; Não é um produto, profissional, tecnologia ou “qualidade percebida”.

Esse é o nosso pensamento em qualquer processo de criação de marca e que neste caso estava muito bem alinhado: A marca é um ativo que deve representar o seu valor, independente do produto/serviço que ele esteja conectado. Isto é: A marca deve transmitir seu significado independente se está assinando um produto ou sendo “apenas” um avatar na rede social. O papel da marca aqui vai além da identificação, é mostrar como ela faz em vez de o quê ela faz.

Modernidade líquida: marcas consistentes em geração de segundos.

A marca está em diversas plataformas diferentes, mas iguais.

Aqui, temos uma mudança drástica em como se consome informação: Não existe pause, stop ou o “tempo de contemplação”. As novas gerações do “multi telar” estão assistindo várias informações ao mesmo tempo em uma diversidade de formatos que torna o controle sobre a gestão da marca cada vez mais complexa e difícil em manter sua padronização, pois em todos os pontos de contato da marca é necessário ser reconhecido/percebido de forma uníssona. Aqui o Design é a chave para o trabalho em equipe, pois o dever do projeto é pensar nesse padrão de comunicação alinhado a estratégia da marca, ao invés de pensar enquanto mero estilo/artifício gráfico. No mundo efêmero do digital, onde a comunicação da marca não é sua papelaria e sim as 5 redes sociais diferentes (no mínimo), o pensamento em que apenas o logotipo tem o dever de identificar e representar algo torna o trabalho ainda mais prazeroso e desafiador. Afinal design de marca é isso, pensar em todos os usos possíveis.

“Content is King”* (and always was)

Que os E-Sports atingiram níveis inimagináveis isto é fato, porém o que torna este segmento ainda mais fértil é o crescente público interessado não apenas em jogar, mas assistir as disputas transmitidas ao vivo e torcer pelo times/jogadores favoritos. Um novo estudo da Newzoo, mostra que o Brasil está em terceiro lugar no ranking mundial neste quesito, onde em 2017 totalizavam 15,4 milhões de viewers, e até o final de 2018 serão 18,3 milhões.

Fonte: Newzoo/2018

Apesar de falarmos de novos costumes destas novas gerações, o consumo e a conexão deste tipo de tribo ainda é o mesmo de qualquer geração jovem que se identifica na cultura popular: Jogos (esportes), Música e Moda; O que muda aqui é formato e a forma de consumo destes, sendo que a base de envolvimento com uma marca é a mesma desde sempre: A história que ela está contando; Só que a história que ela está contando agora é na 1º pessoa, o público faz parte, interage em tempo real e quer acompanhar cada segundo.

Nisto, tudo passa a ser conteúdo relevante, pois a audiência espera que as experiências dos jogadores sejam parte de sua vida também. Neste ponto, está o principal acerto onde a equipe da LOUD nos apresentou: Conteúdo todo dia, aproximação entre o time e o seu público a todo momento.

A ideia sensacional da LOUD? Morar todos juntos, vivendo um reality de jogadores mobile! A marca passar a ser vista como uma ponte entre tudo que o público vive: Música, moda, diversão, lazer e o próprio convívio entre eles.
A sensação de proximidade existe, e a chance da marca construir outros ativos assinando seu nome ou mesmo se associando a outras marcas também surge (já aconteceu).

4,58 milhões de inscritos no youtube, Conteúdo todo dia, interação do todo momento.

Milhões de pessoas, diversos perfis e a “hype”

Como pontuamos sobre o exorbitante número da audiência e sua a velocidade de consumo, vale mencionar que existem as diferentes subcategorias de perfil dentro do assunto esports. Temos perfis de idade, repertório e diversas outras classificações complexas de serem lidas em um diagnóstico de persona. Mas, o perfil do fã tem um aspecto em comum: Independente se ele joga CounterStrike como um “tradicional” gamer desktop ou se ele joga Brawl Stars no Celular, todos tem uma proximidade com tecnologia e entretenimento popular muito próximos. Todos querem se manter atualizados e ficarem antenados com a informação.

Nesse contexto, surge a “hype”: Provocar o exagero no assunto para que chegue ao maior número de pessoas em um pequeno fluxo de tempo.

Hype: estratégia para enfatizar alguma coisa, ideia ou um produto. É um assunto que está dando o que falar, é algo que está na moda e que é comentado por todo mundo.

Pesquisa_Semestre1–2018/ Fonte: UOL Games

Além da expressão e a cultura hype da moda, ser comentado por tudo mundo também é uma estratégia principal da cultura gamer; na LOUD consideramos o aspecto “Hype” traçado pela equipe da marca como uma grande tática para se aproximar do consumo de moda ( levando a LOUD para a moda hype do streetwear) e se distanciar da cultura “badge” de times.

Finalizando: LOUD e sua originalidade

LOUD na tela da Copa América 2020

No desenvolvimento da LOUD, A diferenciação foi nítida na principal plataforma de comunicação da marca (Youtube) frente aos gamers e teams. Com uma natureza menos infantil do que a prática diversas vezes pelos time do segmento, a LOUD surgiu como uma marca profissional de gamers, atingindo rapidamente uma comunicação efetiva com seu público. Com uma unificação de identidade em seus jogadores, a comunicação praticada pela equipe da LOUD rapidamente os levou a marca de 1 milhão de seguidores em seus primeiros 3 meses.

Perante o conceito de fluxo, dinamismo e principalmente o nome da marca, criamos uma narrativa visual que expresse Loud como uma marca que “faça barulho”. Levamos intensidade para todos os elementos da identidade: Escolhemos um tom de verde muito vivo, com forte vibração para as telas; Na seleção da tipografia, usamos a Labil Grotestk por ter em sua fonte variáveis de letras em movimento/deslocamento, sinalizando algumas letras como “ítalico” entre as regulares. Considerando a pregnância do nome, desenvolvemos um logotipo que não se misturasse nem se caracteriza em demaseio com o tema, como os demais gamers e times do segmento que ficam excessivamente temáticos ou mesmo decorativos. Deste logotipo, para produzir uma assinatura mais “símbolo” para avatares e práticas de assinatura de pequeno tamanho, extraímos o “D” do logotipo que, projetamos para se assimilar com o signo de “Play” e também “seta para frente”. Dirigimos essa escolha para o motion, sendo que o “D” traz em movimento o logotipo. A produção de texturas e padrões para a marca seguiram também o conceito de fluxo, agitação e transformação.

Consistência da identidade até em festa de aniversário 🥳 Foto: Divulgação LOUD

Conclusão: A originalidade da marca e sua consistência de conteúdo como ativos principais trouxeram a percepção ideal para seu público e seu segmento, permitindo que a marca leve adiante sua estratégia, expandido e tornando possível sua atuação em qualquer tipo de ação/desenvolvimento.

Ou seja 💁
– Tenha uma identidade consistente
– Torne sua marca uma influenciadora
– Trabalhe para ter uma perceção única (no meio do caos)

Ficou interessado na visão da Loud? Eles postaram um resumo de sua estratégia recentemente, aproveitando o prêmio na Copa América. Leia aqui